terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Escolha

"Toda escolha envolve uma renúncia" - será?
 
Tenho refletido muito sobre essa questão: as nossas escolhas. Sempre ouvimos que somos livres para "escolher". Que poder escolher eh uma forma de liberdade.

Vamos por partes: primeiro não acredito que "poder escolher" seja sinônimo de liberdade. Liberdade, para mim, no contexto da "escolha", não eh bem isso. Acredito que "livre" não é aquele que pode escolher. Livre eh aquele que além de poder escolher, antes, pode criar as opções! Um exemplo bem banal: vou deixar você escolher: você prefere morrer queimado ou afogado? Eu, se for livre realmente, posso dizer: escolho não morrer! Não quero nenhuma dessas opções!

Bom, essa foi a primeira colocação sobre "escolha". A segunda ideia que construo sobre "escolha" é: toda escolha envolve uma renúncia! Sempre! Talvez não percebamos isso pois fazemos escolhas diariamente, corriqueiramente, sem nos darmos conta. Mas se pararmos para analisar, com detalhe, toda vez que fazemos uma escolha estamos abrindo mão, mesmo que inconscientemente - e na maioria das vezes é assim - de alguma coisa. Outro exemplo banal: quando escolhemos usar uma calça azul estamos abrindo mão de usar a vermelha. Sim... fazemos essas escolhas "naturalmente" e meio que automaticamente sem nos darmos conta do que estamos abrindo mão. Bom, esse exemplo, como disse antes, é "banal". Mas vamos ampliar... vamos para outros exemplos: quando escolhemos pedir demissão de um emprego estamos abrindo mão de salário, benefícios, etc. Mesmo que tenhamos uma motivação maior, tipo, "arranjei um emprego melhor". Mas estamos também, neste exemplo, abrindo mão de um ambiente de trabalho, de colegas, de um "happy hour" com aquela turma, enfim, de várias outras coisas. Vamos além, aonde quero realmente chegar: quando abrimos mão de um relacionamento. Podemos ter "milhões" de motivos para escolher acabar com um relacionamento. Seja lá por qual motivo for. Podem ser válidos, coerentes, racionais - ou não - não importa agora, nesta discussão. É uma escolha! E normalmente não é uma escolha fácil! Principalmente para as mulheres - na nossa sociedade machista (esse tema cabe outra postagem) - que sofrem abuso, apanham, são agredidas tanto física e psicologicamente. Mas mesmo assim não conseguem dar queixa, ou quando dão a retiram. Ou que dizem "não", se separam, mas terminam voltando. Calma!!! Sei que esse tema é bem polêmico e complexo - repito: esse é um tema para várias postagens.

Aonde quero chegar com esse exemplo? Com a questão da escolha. Por bem ou por mal, essas escolhas, repito, que não são fáceis, envolvem uma renúncia: escolhem não morrer! Escolhem voltar para não apanhar. Escolhem e abrem mão de sofrer! E é válido! É justo! Mas vamos pensar em uma relação que não haja a agressão. Quando escolhemos não estar com alguém estamos abrindo mão, renunciando, outras coisas boas, agradáveis, prazerosas da relação. Sim, como disse antes: toda escolha envolve uma renúncia! E neste último exemplo na maioria das vezes é uma escolha "consciente". Ponderamos, colocamos na balança os prós e os contras e, por fim, escolhemos.

Falei tudo isso mas ainda não cheguei aonde quero chegar. A intenção desta postagem não é criticar as escolhas, ou dizer que temos, precisamos, necessariamente, que ficar "ruminando", refletindo exaustivamente antes de escolher. As escolhas são inevitáveis. Está no dia-a-dia, toda hora estamos escolhendo e na maioria das vezes não temos tempo para refletir sobre aquela determinada escolha. A ideia e proposta desta postagem é dizer: escolha! É inevitável! Mas tenha consciência do que está abrindo mão e o que está ganhando. E se prepare para olhar para trás e pensar: "escolhi errado" ou "não devia ter feito essa escolha". Paciência. Na maioria das vezes não temos como voltar o tempo e mudar a escolha. "Não adianta chorar pelo leite derramado". Mas... podemos - e essa é a minha proposta - refletir, tomar consciência da escolha, do que perdemos, do que ganhamos e APRENDER com essa escolha. De nada adiante se arrepender. É "bola pra frente". Está feito. E agora? O que posso fazer de agora em diante?
Então, escolha - consciente ou não - mas reflita, aprenda, pense nas possibilidades, construa possibilidades!

Ouço constantemente lamentações do tipo: "ah! eu abri mão de tanta coisa por ele/ela". Essa frase envolve, além de "escolhas" do passado, também a questão da "expectativa criada" (já fiz postagem sobre isso). Bom, de forma "sacana" eu respondo: você escolheu! Problema seu! Agora aguente!

Calma! É uma resposta "escrota" (desculpem o termo), mas tem um "quê" de realidade nela. A minha intenção não é ferir ou magoar a pessoa, mas é dizer: está feito. Não tem volta. A questão agora é: o que você vai fazer com a escolha feita? Quais são os próximos passos? Quais serão as PRÓXIMAS ESCOLHAS! É isso! Esse é o "pulo do gato"! Vamos pensar nas próximas escolhas (e nas próximas renúncias)? O que você vai fazer daqui para frente? Não existe "a melhor" escolha. Talvez exista a "escolha menos ruim". Escolha. Tente pensar em tudo isso que falei... reflita, rumine, crie as possibilidades!


"Podemos tentar evitar de fazer escolhas através de não fazermos nada, mas mesmo isso é uma decisão."
(Gary Collins)

"Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos (ou escolhas*)."
(Albert Einstein)
* complemento meu

"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove."
(Fernando Sabino)

"Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências."
(Pablo Neruda)

"Uma pessoa imatura pensa que todas as suas escolhas geram ganhos. Uma pessoa madura sabe que todas as escolhas têm perdas."
(Augusto Cury)

"A vida é a soma das suas escolhas."
(Albert Camus)

"Não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito."
(William Shakespeare)

"A vida é feita de escolhas. Quando você dá um passo à frente, inevitavelmente alguma coisa fica para trás."

(Caio Fernando Abreu)