sexta-feira, 18 de julho de 2008

Saudade

Sentimos saudade de pessoas ou do sentimento que elas nos proporcionam?

Mais uma vez me pego pensando sobre a saudade. De que "é feito" esse sentimento?

Faço perguntas e comparações sobre o que especificamente a ausência de uma pessoa - saudade dela - nos causa, ou melhor, qual(ais) característica(s) física ou psicológica nos faz falta.

Ao tentar responder esses questionamentos cheguei à conclusão que não sentimos saudade de pessoas e sim de determinadas características e sentimentos provocados por elas (estou sendo repetitivo?)

Vejam o exemplo: nos apaixonamos por uma pessoa, ou melhor, por um conjunto de características físicas e psicológicas que essa pessoa tem e que nos "interessam". Seja a cor da pele, somada com o formato do rosto, dos olhos, do cabelo, altura, estrutura física, da voz, do cheiro (esse é muito importante), da profundidade do olhar, das idéias, posicionamentos, etc, etc.

No momento em que o relacionamento acaba sofremos por sentirmos "falta da pessoa". Tanto é que existe uma tendência natural de procurarmos outra pessoa que tenha as "características boas" do ser amado ou no mínimo fazemos comparações.

Em outro momento, quando sentimos ou percebemos algumas dessas características em outras pessoas é natural lembrarmos da primeira.

Acredito que existe um conjunto de características físicas e psicológicas que nos atraem. Tentamos sempre, em vão e inconscientemente, buscar pessoas que tenham se não todas, o máximo dessas características.

No momento que encontramos essa pessoa - que reúne um bom conjunto de características que gostamos - mesmo perfume, cabelo parecido, mesmo formato do rosto, dos olhos, timbre de voz, etc - como em um passe de mágica "esquecemos" a outra, ou melhor, a saudade é esquecida.

É claro que não encontramos uma pessoa igual a outra, então é natural que a primeira tenha alguma característica (provavelmente psicológica) que falta na segunda (atual). É como se encontrássemos um "provedor" substituto que nos alimenta (nosso ego, nossas vontades, anseios, etc).

É isso... você já parou para tentar descrever quais são as características que lhe atraem, tanto físicas quanto psicológicas? Tente fazer isso, internamente, sem precisar mostrar/dizer a ninguém, da forma mais simples possível, mais verdadeira, sem compromisso, desvencilhada dos padrões sociais. Esse é um exercício interessante... ;)
É natural que você comece a perceber que são características de alguém do passado (ou "alguéns" ;)


"Sentimos saudade de certos momentos da nossa vida e de certos momentos de pessoas que passaram por ela."
Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 8 de julho de 2008

Felicidade Inconsciente

Será que é possível ser feliz sem saber?


Bom, após um bom tempo sem postar, estou de volta.


Neste período de ausência pensei em várias coisas, vários temas e assuntos para o blog. Confesso que me faltou disposição, ânimo para escrever.


Voltando ao tema deste post, registro como foi que cheguei a esse questionamento: uma pessoa muito próxima (e importante para mim) me exclamou: "eu era feliz e não sabia!".

Parei e pensei: será que é possível realmente ser feliz e não saber?

Essa questionamento me remete a uma postagem minha, antiga, na qual registro algumas impressões sobre felicidade.


Após algum tempo de reflexão cheguei a conclusão que pelo fato de felicidade ser um sentimento, sendo bem racional, não acredito ser possível você sentir uma coisa e não ter consciência dela. Estou errado? Se não temos consciência dela é porque não sentimos realmente. O que pode acontecer é confundirmos sentimentos, darmos nomes, classificarmos sentimentos por engano. Por exemplo, é comum confundir ciúme com inveja. Independente da classificação (identificação do que estamos sentindo) o fato é que temos a consciência que sentimos alguma coisa. Algo nos corroe por dentro, nos causa palpitações, tremedeiras, gagueiras, sudoreses, angústias, medo, etc. Temos consciência dessas reações.


Tudo bem, pode acontecer que reagimos ou tomamos atitudes como consequência de um "sentimento inconsciente". Mas, repito, reforço, se reagimos é porque alguma coisa (ação) está provocando a reação - podemos não saber classifica-la (a ação) mas temos consciência do que estamos fazendo e o porquê de estarmos fazendo, não?


Voltando ao caso da felicidade, considerando que felicidade é um estado, pontual, momentâneo (mais uma vez matemáticamente falando, discreto e não contínuo), não acredito que seja possível sentirmos essa felicidade e não termos consciência, na hora, que algo está acontecendo conosco, está nos dando algum tipo de prazer - repito: podemos até não saber classificar essas sensações como felicidade mas que sentimos conscientemente algo "diferente", sentimos.


Bom, fico por aqui.


Esse post foi mais informal ("fora da forma"), menos "técnico" do que os anteriores.


Acho que estou mudando (ainda bem!) e conscientemente, afinal "navegar é preciso"!


"Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente."

Érico Veríssimo