sexta-feira, 13 de maio de 2016

Fechando portas

Será que devemos deixá-las abertas?

Sim. A minha primeira resposta seria essa.

Faz muito tempo que meu discurso era: não precisamos fechar portas. Digo em relação à tudo na vida, empregos, cursos, amizades, mas principalmente com relação a relacionamentos.

Era isso que eu acreditava e sustentava com o argumento que "o mundo dá voltas" e um dia, quem sabe, precisamos ou queremos passar pela porta que fechamos? A depender de como foi fechada é praticamente impossível abri-la novamente.

Hoje me encontro em uma situação ou em uma fase de vida em que sinto falta de fechar ou de ter fechado algumas portas. Fechar bem fechada - não entendam que é fechada para nunca mais serem abertas. Não! É bem fechada no sentido de fechá-las com cuidado. Com cautela, com delicadeza e não batê-las simplesmente. O fechar a que me refiro é mais como colocar um "ponto" no final da história - que pode ser um ponto de continuação ou mesmo um ponto final.

A importância do "bem fechar" essas portas se dá por alguns simples motivos: 1) é mais honesto com a(s) outra(s) pessoa(s) envolvida(s); 2) lhe poupará ter que administrar essas relações no futuro - porque bem ou mal as pessoas envolvidas ficam ressentidas e/ou ficam com a sensação que não "acabou" ou que não está bem acabado e quando te encontram terminam "jogando na cara" que vc as "abandonou"; 3) por fim, isso lhe trará uma sensação de "liberdade" (de que não tem pendência/dívida com nada e com ninguém), por conseguinte uma paz de espírito bem maior.

É isso. Estou cansado de ter que administrar esse tipo de relação. Esse tipo de cobrança. Isso tem me dado a sensação de "prisão", de dívida não paga. É horrível! Não estou mais disposto a isso.

Chego à conclusão que a melhor coisa a ser feitas nesses casos é deixar tudo claro, ser o mais honesto possível com a outra pessoa e fechar delicadamente a porta. Quem sabe essa porta poderá ser aberta em outro momento porém sem a sensação de dívida não paga?

"Quando, na vida, uma porta se fecha para nós, há sempre outra que nos abre. Em geral, porém, olhamos com tanto pesar e ressentimento para a porta fechada, que não nos apercebemos da outra que se abriu."
(O S Marden)

"A felicidade não entra em portas trancadas."
(Chico Xavier)

"Feche algumas portas. Não por orgulho ou arrogância, mas porque já não levam a lugar nenhum."
(Paulo Coelho)


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Ser ou não ser "bom", eis a questão.

Será que realmente somos "bons" ao nascermos?

Simples, curto e grosso: a resposta é não. Ninguém nasce naturalmente bom (nem mau), mesmo porquê o conceito de "bom" ou "mau" é uma construção sócio-cultural; é um conceito criado para classificar/julgar/qualificar as pessoas e suas atitudes para com outros.

O filósofo Rousseau disse: "o homem nasce bom e a sociedade o corrompe" (ou algo desse gênero). De cara, refuto essa ideia pelo princípio citado acima. Então, eu mudaria a célebre frase de Rousseau para "o homem nasce naturalmente instintivo e a sociedade o adestra". Isso. O verbo é esse mesmo: adestrar. Sem querer entrar muito na questão do "Contrato Social" e a formação do Estado moderno (que acho super interessante), penso que de fato devemos/precisamos ser minimamente racionais para que consigamos viver em sociedade. Nossa cultura se baseia na vida em sociedade. À princípio não conseguiríamos viver isolados, de forma "selvagem". Sem a presença do estado "regulador" viveríamos  em pleno "estado de natureza" em uma "guerra de todos contra todos" (já utilizando conceitos de Hobbes). Então, o que hoje chamamos de ser "bom" é uma construção cultural para que possamos viver em sociedade (e olhe que não conseguimos isso plenamente).  Quanto ao verbo "adestrar" faço a comparação com relação ao verbo "educar". Resumidamente, já que essa discussão não é o objetivo desta postagem, entenda-se "adestrar" nesta postagem como um condicionamento imposto ao ser humano (normalmente as crianças pequenas) uma vez que elas ainda não têm "consciência" para entender o significado das coisas. Já o verbo "educar" acredito que é feito através do diálogo e do entendimento, ou seja, "convencimento" através das palavras e não de forma impositiva.

Seguindo com o objetivo das postagem, tenho me questionado sobre "ser bom" e "ser mau". Como disse, e reafirmando, ninguém é bom por natureza. Nós somos adestrados, condicionados, educados, impelidos a ser bom, a "fazer o bem", mas NÃO SOMOS assim naturalmente! Vou exemplificar: imagine que alguém passa na rua e pisa no seu pé ou te dá uma cotovelada "sem querer". Você viu que foi sem querer. Você sabe que não foi intencional. Qual sua primeira, primeiríssima reação? É gritar e/ou manifestar uma cara de dor, de incômodo, de "raiva" e em frações de segundos você "desconstrói" esse sentimento "ruim" - já que você é um ser social e educado ainda mais sabendo que foi sem querer - e de forma controlada você não reage de forma violenta. A pessoa em seguida, esperando que seja tão educada quanto você, pede "desculpa" e você reage com um "por nada" com um leve e falso sorriso no rosto. Por quê reagimos assim? Porquê somos educados e vivemos em sociedade; caso contrário seria um matando o outro por ter pisado no pé.

Bom, dado o exemplo (e poderia dar muitos outros similares), voltando ao "micro-tempo" entre a pisada e o pensamento racional, pensem comigo, a primeira reação, a primeira vontade, que vem de dentro do nosso ser, seria "revidar", se defender, "garantir nossa vida" de forma instintiva, quase que automática (Hobbes novamente). Ou seja, nós somos, sim, primeira e naturalmente "instintivos" e muitas vezes nossos instintos são "selvagens" e machucam, ferem e "matam" o outro. Nosso instinto nos leva a praticar atos que socialmente são julgados, classificados, qualificado como "ruins". 

Então, reformulando a frase de Rousseau, nós, seres humanos, somo naturalmente ruins! Nós somos "maus" por instinto, por princípio! Bom, a esse ponto, imagino que você, pela sua "educação", deve estar me xingando e descordando de mim - principalmente para aqueles que são mais "religiosos" (sim, isso foi direcionado - rsrsrsrs).

Bom, tudo isso dito, chego à uma conclusão: quer conhecer bem uma pessoa? Não procure ver o lado "bom" dela, mas sim o lado "mau". O lado bondoso de cada um é "falso". É uma mera máscara que todos nós usamos no dia-a-dia para sermos bem vistos e queridos. O lado "verdadeiro" é o lado ruim, maldoso, perverso. Esse sim, representará a verdadeira pessoa. A capacidade da pessoa em ter essa consciência e saber controlar/administrar essa "maldade" é que a faz interessante.

Para finalizar essa postagem, registro uma lembrança de quando eu era criança. Sempre quis ser querido e admirado por todos. E assim construí minha "máscara social". E fui exercendo essa "falsa bondade" em  troca de admiração, elogios, atenção e carinho. Até que adolescente (quase adulto) caí na real e percebi que gostavam de uma pessoa que não existia. Uma pessoa que ninguém imaginava poder fazer uma maldade com uma mosca. Que ilusão. O tempo foi passando e eu fui cada vez sendo mais realista e mais honesto comigo mesmo, dizendo e mostrando a todos que eu nunca fui bom e que não queria mais viver nesse "teatro de ser bom". E percebi que o lado perverso, sagaz, perspicaz, audacioso,  maldoso (e para isso é necessário uma certa dose de "inteligência"), também atrai pessoas. Claro que faço coisas "boas" - mesmo porquê vivo em sociedade e isso é necessário para se viver em grupo - se eu fosse instintivo (selvagem) continuamente certamente já estaria preso ou morto. Mas tenho clareza (e certeza) que essa "bondade" não é "à toa". Nada é em vão. Tudo é por interesse (essa afirmação cabe uma nova postagem).

Termino a postagem com uma frase que gosto muito de dizer: "Quando eu sou bom, eu sou ótimo. Quando sou mau, eu sou melhor ainda" (parafraseando Mae West).


"Os velhos dão bons conselhos para se redimirem de ter dado maus exemplos." 
(Marquês de Maricá)

"Lamentavelmente, os bons hábitos são muito mais fáceis de serem abandonados do que os maus." 
(W. Somerset Maugham)

"Todos amam os bons, mas exploram-nos. Todos detestam os maus, mas temem-nos e obedecem-lhes." 
(Vittorio Buttafava)

"Encontra-se oportunidade para fazer o mal cem vezes por dia e para fazer o bem uma vez por ano. " 
(Voltaire)

"Não fales bem de ti aos outros, pois não os convencerás. Não fales mal, pois te julgarão muito pior do que és."
(Confúcio)

"Quanta injustiça e quanta maldade não fazemos por hábito!"
(Terêncio)

"No fundo, não há bons nem maus. Há apenas os que sentem prazer em fazer o bem e os que sentem prazer em fazer o mal. Tudo é volúpia..."
(Mario Quintana)

"Quantas vezes a simples visão de meios para fazer o mal / Faz com que o mal seja feito!"
(William Shakespeare)

"As pessoas boas dormem muito melhor à noite do que as pessoas más. Claro, durante o dia as pessoas más se divertem muito mais."
(Woody Allen)

"Não é só a razão, mas também a nossa consciência, que se submetem ao nosso instinto mais forte, ao tirano que habita em nós."
(Friedrich Nietzsche)

"A inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos."
(Sigmund Freud)

domingo, 17 de janeiro de 2016

Sobre relacionamentos

O que sustenta uma relação?


Fazendo uma introdução ao tema, do porquê escrevo sobre isso, quero registrar que as postagens feitas nunca foram "do nada". Sempre tiveram alguma ligação com o que estou sentindo, passando, vivendo no momento. Ou seja, as postagens são frutos de sentimentos verdadeiros e não são empíricas, não são suposições, ensaios ou um mero "pensar sobre".

Uma vez dito, vou falar sobre relacionamentos, especificamente relacionamentos amorosos. Os demais relacionamentos (como já foi falado anteriormente aqui) ficam para outra postagem.

Como um bom geminiano, como um bom "matemático" ou um bom ser "racional", venho tentando encontrar, identificar padrões, modelos, que nem Descartes falava em estabelecer modelos matemáticos para todos os eventos da natureza; Eu não chego a tanto; a querer estabelecer modelos ou padrões universais, mesmo porquê para quem não acredita em uma "verdade universal", uma verdade única (já postei sobre isso aqui), isso seria praticamente "impossível" (mas ainda assim é questionável). A proposta não é essa. Mas, ainda assim, com essa "veia matemática", arrisco a dizer que, na tentativa de explicar ou identificar o que sustenta uma relação (amorosa - esse é o foco da postagem), não importando (quero deixar claro) quais relações sejam, de homem para homem, mulher para mulher ou mulher para homem, ainda assim são relações, não é o sexo, a paixão ou o amor que a sustenta.

Vamos começar pela paixão. Essa é a forma menos provável de ser um sentimento que sustente uma relação, exatamente pela sua efemeridade. Mesmo sendo intensa, forte, urgente, arrebatadora, ainda assim, é breve. É curta. Tem os dias contados. Aparentemente, dá a impressão, aos apaixonados, que aquilo vai durar "para sempre"! Sim! É verdade! Nos dá essa impressão (como disse Vinícius de Moraes, "que seja eterna enquanto dure"). Mas como nada é eterno, como já comentado aqui, nem a nossa vida é eterna, imagine a paixão! Pode durar um dia, uma semana, um mês, um ano, uma década, mas ainda assim terá um fim (nem que seja pela morte do ser amado - não existe Matusalém); Mas não vamos discutir essa questão. Fora a paixão, que ilusoriamente nos faz acreditar em uma relação "eterna", temos ainda o sexo e o amor.

O sexo... bem... esse é mais "polêmico" que a paixão exatamente por ser (acredito e classifico assim) um sentimento visceral, uma necessidade fisiológica do ser (animal) humano. Então, pensando dessa forma, dispensa maiores comentários sobre o sexo manter, sustentar uma relação. É claro, não posso deixar de registrar, que tem muitas relações que se baseiam nisso. Em que o sexo é maravilhoso, estupendo, sem igual, inenarrável. Sim! Existe! Claro! Acredito que para pessoas que são altamente sexuais (mais animais que seres sociais), sim, sustenta (por um bom tempo) a relação. Mas ainda assim, acredito que é, de certa forma, efêmero, similarmente à paixão. Ainda mais na sociedade em que vivemos que cultua relações monogâmicas (farei outra postagem sobre relações monogâmicas, poligâmicas, etc... por enquanto deixo a seguinte frase: "a traição é a não monogamia numa relação monogâmica" - veja aqui).

Vamos ao amor. Ah! O Amor! Muitos acreditam que o amor é supremo, é superior a tudo, transcende, ultrapassa toda a nossa racionalidade. É assim por um simples motivo: foi construído nas nossas mentes dessa forma! O "amor", assim como vários outros princípios e valores, é construído, é uma convenção social em que nós somos condicionados, educados, até adestrados, a enaltecer, como a mais pura verdade, como uma coisa "impossível" de se alcançar, como o mais puro dos sentimentos. Que seja! Não quero aqui, agora, debater ou discutir sobre o amor (além de outras postagens, tenho uma visão mais política/social sobre o amor); O fato, que estou considerando nesta postagem, é o "amor" comum, "amor sexual" (só para deixar claro, não é o amor maternal/paternal, fraternal, de amizade, ou outro qualquer). Estou falando de amor entre pessoas (sem o vínculo parental - ou até que exista, já que foi criada a palavra "incesto" para isso; enfim, não é o foco desta postagem). Esse amor ao qual estou me referindo, como postado anteriormente aqui, é o amor construído, aos poucos, lentamente, "tijolo por tijolo". 

Sobre esse amor construído, edificado, podemos ver diversos exemplos dessas construções. Verdadeiros "castelos", construídos "tijolo por tijolo", durante anos, de forma perfeita! Mas, vazios. Grandes construções, mas ocos, sem móveis, sem conteúdo. Os construtores se orgulham em expor seu feito para a sociedade: olhem que construção linda, sólida, inabalável... foram 50 anos de dedicação, esforço, luta, blá blá blá... mas, ainda assim vazio, sem conteúdo, sem essência. De que adianta viver de aparências, de estética, de "modelos"? Desfaço, derrubo, desconstruo esse tipo de amor falso, "fake". Mas, infelizmente, as pessoas que fazem essa grande edificação, olham para trás e não têm coragem de largar, abrir mão, derrubar, demolir o que foi construído, pois gastaram tempo, força, esforço, sentimentos, dedicação e vários outros sentimentos. Por isso sustentam, mantêm, todo o castelo. Não é fácil. Não estou dizendo que é fácil. Mas se quisermos ser verdadeiros conosco e com o outro, podemos, devemos, derrubar essa construção e nos darmos a chance de construirmos outro prédio, casa, casebre que seja, mas de forma consistente e preenchê-lo com sentimentos, vivências, com vida. Mas ainda assim, não é o foco da postagem. Quero falar sobre, então, o que sustenta, verdadeiramente, uma relação?

É simples. Existem outros sentimentos que, acredito, sejam mais significativos para uma relação. Amizade, afinidade, admiração pelo outro, companheirismo, lealdade, cumplicidade, compreensão, paciência, congruência na forma de viver, nos princípios e valores; nos quereres; na forma de encarar as dificuldades; o saber ceder, abrir mão de coisas, de momentos, tudo isso compõe a "fórmula" da sustentação de um relacionamento (apesar d'eu ser bem egoísta quanto a isso - cabe outra postagem a respeito). Ou seja, acredito que pode existir relação sem paixão, sem amor e sem sexo. Pode-se sim estabelecer relação sem esses itens. Acredito! Podemos, sim, ver felicidade entre as pessoas que se relacionam assim, sem esses sentimentos - até dizem que é amor. Sim. Mas não o amor carnal, visceral. É um outro tipo de amor - que seja! Contanto que um não seja o "objetivo" do outro, como um objeto de conquista; porquê de assim for, uma vez conquistado perde-se o sentido da busca. 

O que acredito sobre o que é amor (da forma que penso) é tudo isso que falei. Pode conter todos esses sentimento citados acima. Mas não é só isso. É transcendente. "Sobrenatural". Não se explica. Existe e pronto. E para polemizar, não perdendo meu jeito de ser, eu dou o nome que eu quiser ao o que eu sinto. É meu sentimento e pronto. E isso basta para mim (demonstrando meu egoísmo). 

Enfim, resumindo, sexo, amor e paixão não sustentam relacionamento. Relacionamento se sustenta por  afinidade, por uma empatia forte, por uma sintonia de quereres e interesses.

"Uma relação nem sempre termina pq não é feliz. Às vezes termina para preservar a felicidade da memória." (Fabrício Carpinejar)

"As pessoas são responsáveis e inocentes em relação ao que acontece com elas, sendo autoras de boa parte de suas escolhas e omissões." (Lya Luft)

"Seja qual for o relacionamento que você atraiu para dentro de sua vida, numa determinada época, ele foi aquilo de que você precisava naquele momento" (Deepak Chopra)

"... o único encanto do casamento está na vida de decepção indispensável a ambas as partes." (Oscar Wilde em "O Retrado de Dorian Gray")

"A vida conjugal é simplesmente um hábito, um mau hábito. Mas lastima-se até a perda dos maus hábitos; talvez seja mesmo o que mais se lastime; os hábitos são uma parte essencial da personalidade." (Oscar Wilde em "O Retrado de Dorian Gray")

"Um homem pode ser feliz com qualquer mulher durante o tempo que não a ama..." (Oscar Wilde em "O Retrado de Dorian Gray")

"Quando uma mulher torna a casar-se, é porque detestava o primeiro esposo. Quando o mesmo se dá com o homem, é que ele adorava a primeira mulher. Estas procuram a felicidade, os homens arriscam a sua." (Oscar Wilde em "O Retrado de Dorian Gray")