quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Paixão

Você viveria bem sem estar apaixonado?
Bom, antes de mais nada é preciso registrar: não estou apaixonado! Esse é o tema desta postagem. Faz tempo que venho querendo escrever sobre a "não paixão", ou melhor, sobre a vida sem paixão.

Quando me veio a idéia de escrever sobre esse tema, eu estava em uma fase "apaixonado". Mas agora não. O que é uma coisa totalmente nova para mim pois, sempre, sempre mesmo, eu estive apaixonado por alguém (ou "alguéns" ;). Não tenho registro de algum momento em minha vida em que eu não estivesse apaixonado e não acreditava que alguém poderia não estar apaixonado. Eu achava uma coisa impossível! Até que nesses últimos (+/-) seis meses eu me vi assim: "desapaixonado".

É uma sensação de vazio; angustiante o fato de não sentir o coração bater mais forte ao pensar em alguém; desanimador ver as horas passarem e não ter ninguém para ligar (com aquela vontade incrível de falar); frustrante não ficar nervoso, ansioso à espera de alguém; decepcionante dormir e acordar sem ter em quem pensar; enfim, é péssimo viver sem estar apaixonado!

Nunca acreditei que passaria por essa situação. Então, quando percebi que estava passando, pensei: preciso me apaixonar. Para mim, a paixão é o motor da vida; é o que faz você querer viver dia após dia; é o que te mantém jovem, alegre, feliz, de bem com a vida. É o que dá cor ao cenário.

Falando de paixão de forma ampla, é muito importante estarmos apaixonados por tudo o que fazemos. Estar apaixonado pelo trabalho, acordar na segunda-feira com aquela vontade de trabalhar, de "dar conta" do que se tem para fazer no trabalho; não aguentar de esperar a hora de ir para a faculdade, assistir aula, viver o ambiente acadêmico; não ver a hora de encontrar os amigos para conversar, trocar ideias, dar risada; esperar ansiosamente o final de semana para ir à praia, ficar só, assistir um filme, almoçar em um lugar legal... enfim, estar apaixonado pela vida.

Falando de paixão da forma mais restrita, paixão entre pessoas, atração física, troca de olhares, respiração ofegante, coração a mil, tremores, rubores, a ansiedade, todos são sentimentos agradáveis, revigorantes, rejuvenescedores. Na minha verdade (gosto sempre de falar da verdade desta forma para deixar claro que não sou o "dono da verdade" - hehehe), acho que a paixão é tudo! Amor? Isso fica para depois... como já escrevi antes, amor é a consequência natural de se viver uma paixão por muito tempo...

Amor já tenho o suficiente. Tenho amor de amigos, parentes e filho. O amor (como já escrevi antes) é morno, brando, estável. Não é isso que quero por agora. Já a paixão, não! É como diz a música de Rita Lee "Amor e Sexo", só que neste caso troco o "sexo" por paixão... acho que se encaixaria bem na letra também.

Uma coisa importante que devo registrar: toda a paixão é boa quando é correspondida. Não vale aquela paixão "platônica", inalcançável, utópica. Essa não é a verdadeira paixão à qual me refiro. Essa é uma paixão unilateral. Digo isso porque nesses últimos seis meses me apaixonei sim... por uma ou duas pessoas (no máximo). Mas não fui correspondido. Então, essas não contam. Quero viver uma intensa paixão correspondida, sem me preocupar se ela vai durar um ano, um mês, uma semana ou um dia. Mas quero viver ela intensamente o tempo que dure. "Que seja eterna enquanto dure", como já disse Vinícius de Moraes.

Podem dizer: a paixão eh um sentimento efêmero. Passa. Acaba (ou diminui com o tempo). Sim! Concordo. Sei disso. Mas aí é que está o "pulo do gato": neste momento trocamos de paixão! Qdo a paixão diminui e você continua com a pessoa, provavelmente a paixão está se transformando em amor. Se você estiver afim de viver esse novo "amor", tudo bem, continue. Se não... arranje outra paixão! É, podem de chamar de insensível, sacana e outros palavrões mais pesados. Mas é isso. É isso que quero viver. É disso que estou em busca. Mas uma coisa deixo claro: eu aviso antes à pessoa com que estou iniciando esta "paixão" a minha posição e no que eu acredito. Se ela topa continuar é por conta e risco dela (é fácil falar... é difícil acontecer - é difícil encontrar alguém que pense como eu penso, que sinta como eu sinto, que queira o que eu quero - mas vou tentando!)

Quero encontrar alguém para cometer "loucuras" comigo. Que ma faça propostas indecentes, que me surpreenda! Que me mostre coisas novas, situações novas, lugares novos, músicas novas, texturas, sabores, cheiros novos. Quero me apaixonar por tudo isso. Pelo o que ela fala, pensa, pelo olhar, voz e toque dela. E mesmo que dure pouco ou por acaso do destino ou por ela querer "pular do barco", tudo bem! Eu ainda dou colete salva-vidas e deixo ela seguir o caminho dela, mesmo que me deixe um sofrimento intenso; Pois se chego a sentir essa dor intensa é porque tive momentos de grandes e fortes emoções, ou seja, valeu a pena!

Alguns me chamam de masoquista, mas é isso: quero sofrer por uma grande (e vivida) paixão.

"Paixão é uma infinidade de ilusões que serve de analgésico para a alma. As paixões são como ventanias que enfurnam as velas dos navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveriam viagens nem aventuras nem novas descobertas." (Voltaire)

"A única diferença entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho dura um pouco mais...." (Oscar Wilde)

"Quem vai dizer ao coração que a paixão não é loucura, mesmo que pareça insano acreditar..."(Oswaldo Montenegro)

"A paixão destrói mais preconceitos do que a filosofia." (Denis Diderot)