terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Escolha

"Toda escolha envolve uma renúncia" - será?
 
Tenho refletido muito sobre essa questão: as nossas escolhas. Sempre ouvimos que somos livres para "escolher". Que poder escolher eh uma forma de liberdade.

Vamos por partes: primeiro não acredito que "poder escolher" seja sinônimo de liberdade. Liberdade, para mim, no contexto da "escolha", não eh bem isso. Acredito que "livre" não é aquele que pode escolher. Livre eh aquele que além de poder escolher, antes, pode criar as opções! Um exemplo bem banal: vou deixar você escolher: você prefere morrer queimado ou afogado? Eu, se for livre realmente, posso dizer: escolho não morrer! Não quero nenhuma dessas opções!

Bom, essa foi a primeira colocação sobre "escolha". A segunda ideia que construo sobre "escolha" é: toda escolha envolve uma renúncia! Sempre! Talvez não percebamos isso pois fazemos escolhas diariamente, corriqueiramente, sem nos darmos conta. Mas se pararmos para analisar, com detalhe, toda vez que fazemos uma escolha estamos abrindo mão, mesmo que inconscientemente - e na maioria das vezes é assim - de alguma coisa. Outro exemplo banal: quando escolhemos usar uma calça azul estamos abrindo mão de usar a vermelha. Sim... fazemos essas escolhas "naturalmente" e meio que automaticamente sem nos darmos conta do que estamos abrindo mão. Bom, esse exemplo, como disse antes, é "banal". Mas vamos ampliar... vamos para outros exemplos: quando escolhemos pedir demissão de um emprego estamos abrindo mão de salário, benefícios, etc. Mesmo que tenhamos uma motivação maior, tipo, "arranjei um emprego melhor". Mas estamos também, neste exemplo, abrindo mão de um ambiente de trabalho, de colegas, de um "happy hour" com aquela turma, enfim, de várias outras coisas. Vamos além, aonde quero realmente chegar: quando abrimos mão de um relacionamento. Podemos ter "milhões" de motivos para escolher acabar com um relacionamento. Seja lá por qual motivo for. Podem ser válidos, coerentes, racionais - ou não - não importa agora, nesta discussão. É uma escolha! E normalmente não é uma escolha fácil! Principalmente para as mulheres - na nossa sociedade machista (esse tema cabe outra postagem) - que sofrem abuso, apanham, são agredidas tanto física e psicologicamente. Mas mesmo assim não conseguem dar queixa, ou quando dão a retiram. Ou que dizem "não", se separam, mas terminam voltando. Calma!!! Sei que esse tema é bem polêmico e complexo - repito: esse é um tema para várias postagens.

Aonde quero chegar com esse exemplo? Com a questão da escolha. Por bem ou por mal, essas escolhas, repito, que não são fáceis, envolvem uma renúncia: escolhem não morrer! Escolhem voltar para não apanhar. Escolhem e abrem mão de sofrer! E é válido! É justo! Mas vamos pensar em uma relação que não haja a agressão. Quando escolhemos não estar com alguém estamos abrindo mão, renunciando, outras coisas boas, agradáveis, prazerosas da relação. Sim, como disse antes: toda escolha envolve uma renúncia! E neste último exemplo na maioria das vezes é uma escolha "consciente". Ponderamos, colocamos na balança os prós e os contras e, por fim, escolhemos.

Falei tudo isso mas ainda não cheguei aonde quero chegar. A intenção desta postagem não é criticar as escolhas, ou dizer que temos, precisamos, necessariamente, que ficar "ruminando", refletindo exaustivamente antes de escolher. As escolhas são inevitáveis. Está no dia-a-dia, toda hora estamos escolhendo e na maioria das vezes não temos tempo para refletir sobre aquela determinada escolha. A ideia e proposta desta postagem é dizer: escolha! É inevitável! Mas tenha consciência do que está abrindo mão e o que está ganhando. E se prepare para olhar para trás e pensar: "escolhi errado" ou "não devia ter feito essa escolha". Paciência. Na maioria das vezes não temos como voltar o tempo e mudar a escolha. "Não adianta chorar pelo leite derramado". Mas... podemos - e essa é a minha proposta - refletir, tomar consciência da escolha, do que perdemos, do que ganhamos e APRENDER com essa escolha. De nada adiante se arrepender. É "bola pra frente". Está feito. E agora? O que posso fazer de agora em diante?
Então, escolha - consciente ou não - mas reflita, aprenda, pense nas possibilidades, construa possibilidades!

Ouço constantemente lamentações do tipo: "ah! eu abri mão de tanta coisa por ele/ela". Essa frase envolve, além de "escolhas" do passado, também a questão da "expectativa criada" (já fiz postagem sobre isso). Bom, de forma "sacana" eu respondo: você escolheu! Problema seu! Agora aguente!

Calma! É uma resposta "escrota" (desculpem o termo), mas tem um "quê" de realidade nela. A minha intenção não é ferir ou magoar a pessoa, mas é dizer: está feito. Não tem volta. A questão agora é: o que você vai fazer com a escolha feita? Quais são os próximos passos? Quais serão as PRÓXIMAS ESCOLHAS! É isso! Esse é o "pulo do gato"! Vamos pensar nas próximas escolhas (e nas próximas renúncias)? O que você vai fazer daqui para frente? Não existe "a melhor" escolha. Talvez exista a "escolha menos ruim". Escolha. Tente pensar em tudo isso que falei... reflita, rumine, crie as possibilidades!


"Podemos tentar evitar de fazer escolhas através de não fazermos nada, mas mesmo isso é uma decisão."
(Gary Collins)

"Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos (ou escolhas*)."
(Albert Einstein)
* complemento meu

"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove."
(Fernando Sabino)

"Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências."
(Pablo Neruda)

"Uma pessoa imatura pensa que todas as suas escolhas geram ganhos. Uma pessoa madura sabe que todas as escolhas têm perdas."
(Augusto Cury)

"A vida é a soma das suas escolhas."
(Albert Camus)

"Não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito."
(William Shakespeare)

"A vida é feita de escolhas. Quando você dá um passo à frente, inevitavelmente alguma coisa fica para trás."

(Caio Fernando Abreu) 



sexta-feira, 13 de maio de 2016

Fechando portas

Será que devemos deixá-las abertas?

Sim. A minha primeira resposta seria essa.

Faz muito tempo que meu discurso era: não precisamos fechar portas. Digo em relação à tudo na vida, empregos, cursos, amizades, mas principalmente com relação a relacionamentos.

Era isso que eu acreditava e sustentava com o argumento que "o mundo dá voltas" e um dia, quem sabe, precisamos ou queremos passar pela porta que fechamos? A depender de como foi fechada é praticamente impossível abri-la novamente.

Hoje me encontro em uma situação ou em uma fase de vida em que sinto falta de fechar ou de ter fechado algumas portas. Fechar bem fechada - não entendam que é fechada para nunca mais serem abertas. Não! É bem fechada no sentido de fechá-las com cuidado. Com cautela, com delicadeza e não batê-las simplesmente. O fechar a que me refiro é mais como colocar um "ponto" no final da história - que pode ser um ponto de continuação ou mesmo um ponto final.

A importância do "bem fechar" essas portas se dá por alguns simples motivos: 1) é mais honesto com a(s) outra(s) pessoa(s) envolvida(s); 2) lhe poupará ter que administrar essas relações no futuro - porque bem ou mal as pessoas envolvidas ficam ressentidas e/ou ficam com a sensação que não "acabou" ou que não está bem acabado e quando te encontram terminam "jogando na cara" que vc as "abandonou"; 3) por fim, isso lhe trará uma sensação de "liberdade" (de que não tem pendência/dívida com nada e com ninguém), por conseguinte uma paz de espírito bem maior.

É isso. Estou cansado de ter que administrar esse tipo de relação. Esse tipo de cobrança. Isso tem me dado a sensação de "prisão", de dívida não paga. É horrível! Não estou mais disposto a isso.

Chego à conclusão que a melhor coisa a ser feitas nesses casos é deixar tudo claro, ser o mais honesto possível com a outra pessoa e fechar delicadamente a porta. Quem sabe essa porta poderá ser aberta em outro momento porém sem a sensação de dívida não paga?

"Quando, na vida, uma porta se fecha para nós, há sempre outra que nos abre. Em geral, porém, olhamos com tanto pesar e ressentimento para a porta fechada, que não nos apercebemos da outra que se abriu."
(O S Marden)

"A felicidade não entra em portas trancadas."
(Chico Xavier)

"Feche algumas portas. Não por orgulho ou arrogância, mas porque já não levam a lugar nenhum."
(Paulo Coelho)


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Ser ou não ser "bom", eis a questão.

Será que realmente somos "bons" ao nascermos?

Simples, curto e grosso: a resposta é não. Ninguém nasce naturalmente bom (nem mau), mesmo porquê o conceito de "bom" ou "mau" é uma construção sócio-cultural; é um conceito criado para classificar/julgar/qualificar as pessoas e suas atitudes para com outros.

O filósofo Rousseau disse: "o homem nasce bom e a sociedade o corrompe" (ou algo desse gênero). De cara, refuto essa ideia pelo princípio citado acima. Então, eu mudaria a célebre frase de Rousseau para "o homem nasce naturalmente instintivo e a sociedade o adestra". Isso. O verbo é esse mesmo: adestrar. Sem querer entrar muito na questão do "Contrato Social" e a formação do Estado moderno (que acho super interessante), penso que de fato devemos/precisamos ser minimamente racionais para que consigamos viver em sociedade. Nossa cultura se baseia na vida em sociedade. À princípio não conseguiríamos viver isolados, de forma "selvagem". Sem a presença do estado "regulador" viveríamos  em pleno "estado de natureza" em uma "guerra de todos contra todos" (já utilizando conceitos de Hobbes). Então, o que hoje chamamos de ser "bom" é uma construção cultural para que possamos viver em sociedade (e olhe que não conseguimos isso plenamente).  Quanto ao verbo "adestrar" faço a comparação com relação ao verbo "educar". Resumidamente, já que essa discussão não é o objetivo desta postagem, entenda-se "adestrar" nesta postagem como um condicionamento imposto ao ser humano (normalmente as crianças pequenas) uma vez que elas ainda não têm "consciência" para entender o significado das coisas. Já o verbo "educar" acredito que é feito através do diálogo e do entendimento, ou seja, "convencimento" através das palavras e não de forma impositiva.

Seguindo com o objetivo das postagem, tenho me questionado sobre "ser bom" e "ser mau". Como disse, e reafirmando, ninguém é bom por natureza. Nós somos adestrados, condicionados, educados, impelidos a ser bom, a "fazer o bem", mas NÃO SOMOS assim naturalmente! Vou exemplificar: imagine que alguém passa na rua e pisa no seu pé ou te dá uma cotovelada "sem querer". Você viu que foi sem querer. Você sabe que não foi intencional. Qual sua primeira, primeiríssima reação? É gritar e/ou manifestar uma cara de dor, de incômodo, de "raiva" e em frações de segundos você "desconstrói" esse sentimento "ruim" - já que você é um ser social e educado ainda mais sabendo que foi sem querer - e de forma controlada você não reage de forma violenta. A pessoa em seguida, esperando que seja tão educada quanto você, pede "desculpa" e você reage com um "por nada" com um leve e falso sorriso no rosto. Por quê reagimos assim? Porquê somos educados e vivemos em sociedade; caso contrário seria um matando o outro por ter pisado no pé.

Bom, dado o exemplo (e poderia dar muitos outros similares), voltando ao "micro-tempo" entre a pisada e o pensamento racional, pensem comigo, a primeira reação, a primeira vontade, que vem de dentro do nosso ser, seria "revidar", se defender, "garantir nossa vida" de forma instintiva, quase que automática (Hobbes novamente). Ou seja, nós somos, sim, primeira e naturalmente "instintivos" e muitas vezes nossos instintos são "selvagens" e machucam, ferem e "matam" o outro. Nosso instinto nos leva a praticar atos que socialmente são julgados, classificados, qualificado como "ruins". 

Então, reformulando a frase de Rousseau, nós, seres humanos, somo naturalmente ruins! Nós somos "maus" por instinto, por princípio! Bom, a esse ponto, imagino que você, pela sua "educação", deve estar me xingando e descordando de mim - principalmente para aqueles que são mais "religiosos" (sim, isso foi direcionado - rsrsrsrs).

Bom, tudo isso dito, chego à uma conclusão: quer conhecer bem uma pessoa? Não procure ver o lado "bom" dela, mas sim o lado "mau". O lado bondoso de cada um é "falso". É uma mera máscara que todos nós usamos no dia-a-dia para sermos bem vistos e queridos. O lado "verdadeiro" é o lado ruim, maldoso, perverso. Esse sim, representará a verdadeira pessoa. A capacidade da pessoa em ter essa consciência e saber controlar/administrar essa "maldade" é que a faz interessante.

Para finalizar essa postagem, registro uma lembrança de quando eu era criança. Sempre quis ser querido e admirado por todos. E assim construí minha "máscara social". E fui exercendo essa "falsa bondade" em  troca de admiração, elogios, atenção e carinho. Até que adolescente (quase adulto) caí na real e percebi que gostavam de uma pessoa que não existia. Uma pessoa que ninguém imaginava poder fazer uma maldade com uma mosca. Que ilusão. O tempo foi passando e eu fui cada vez sendo mais realista e mais honesto comigo mesmo, dizendo e mostrando a todos que eu nunca fui bom e que não queria mais viver nesse "teatro de ser bom". E percebi que o lado perverso, sagaz, perspicaz, audacioso,  maldoso (e para isso é necessário uma certa dose de "inteligência"), também atrai pessoas. Claro que faço coisas "boas" - mesmo porquê vivo em sociedade e isso é necessário para se viver em grupo - se eu fosse instintivo (selvagem) continuamente certamente já estaria preso ou morto. Mas tenho clareza (e certeza) que essa "bondade" não é "à toa". Nada é em vão. Tudo é por interesse (essa afirmação cabe uma nova postagem).

Termino a postagem com uma frase que gosto muito de dizer: "Quando eu sou bom, eu sou ótimo. Quando sou mau, eu sou melhor ainda" (parafraseando Mae West).


"Os velhos dão bons conselhos para se redimirem de ter dado maus exemplos." 
(Marquês de Maricá)

"Lamentavelmente, os bons hábitos são muito mais fáceis de serem abandonados do que os maus." 
(W. Somerset Maugham)

"Todos amam os bons, mas exploram-nos. Todos detestam os maus, mas temem-nos e obedecem-lhes." 
(Vittorio Buttafava)

"Encontra-se oportunidade para fazer o mal cem vezes por dia e para fazer o bem uma vez por ano. " 
(Voltaire)

"Não fales bem de ti aos outros, pois não os convencerás. Não fales mal, pois te julgarão muito pior do que és."
(Confúcio)

"Quanta injustiça e quanta maldade não fazemos por hábito!"
(Terêncio)

"No fundo, não há bons nem maus. Há apenas os que sentem prazer em fazer o bem e os que sentem prazer em fazer o mal. Tudo é volúpia..."
(Mario Quintana)

"Quantas vezes a simples visão de meios para fazer o mal / Faz com que o mal seja feito!"
(William Shakespeare)

"As pessoas boas dormem muito melhor à noite do que as pessoas más. Claro, durante o dia as pessoas más se divertem muito mais."
(Woody Allen)

"Não é só a razão, mas também a nossa consciência, que se submetem ao nosso instinto mais forte, ao tirano que habita em nós."
(Friedrich Nietzsche)

"A inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos."
(Sigmund Freud)

domingo, 17 de janeiro de 2016

Sobre relacionamentos

O que sustenta uma relação?


Fazendo uma introdução ao tema, do porquê escrevo sobre isso, quero registrar que as postagens feitas nunca foram "do nada". Sempre tiveram alguma ligação com o que estou sentindo, passando, vivendo no momento. Ou seja, as postagens são frutos de sentimentos verdadeiros e não são empíricas, não são suposições, ensaios ou um mero "pensar sobre".

Uma vez dito, vou falar sobre relacionamentos, especificamente relacionamentos amorosos. Os demais relacionamentos (como já foi falado anteriormente aqui) ficam para outra postagem.

Como um bom geminiano, como um bom "matemático" ou um bom ser "racional", venho tentando encontrar, identificar padrões, modelos, que nem Descartes falava em estabelecer modelos matemáticos para todos os eventos da natureza; Eu não chego a tanto; a querer estabelecer modelos ou padrões universais, mesmo porquê para quem não acredita em uma "verdade universal", uma verdade única (já postei sobre isso aqui), isso seria praticamente "impossível" (mas ainda assim é questionável). A proposta não é essa. Mas, ainda assim, com essa "veia matemática", arrisco a dizer que, na tentativa de explicar ou identificar o que sustenta uma relação (amorosa - esse é o foco da postagem), não importando (quero deixar claro) quais relações sejam, de homem para homem, mulher para mulher ou mulher para homem, ainda assim são relações, não é o sexo, a paixão ou o amor que a sustenta.

Vamos começar pela paixão. Essa é a forma menos provável de ser um sentimento que sustente uma relação, exatamente pela sua efemeridade. Mesmo sendo intensa, forte, urgente, arrebatadora, ainda assim, é breve. É curta. Tem os dias contados. Aparentemente, dá a impressão, aos apaixonados, que aquilo vai durar "para sempre"! Sim! É verdade! Nos dá essa impressão (como disse Vinícius de Moraes, "que seja eterna enquanto dure"). Mas como nada é eterno, como já comentado aqui, nem a nossa vida é eterna, imagine a paixão! Pode durar um dia, uma semana, um mês, um ano, uma década, mas ainda assim terá um fim (nem que seja pela morte do ser amado - não existe Matusalém); Mas não vamos discutir essa questão. Fora a paixão, que ilusoriamente nos faz acreditar em uma relação "eterna", temos ainda o sexo e o amor.

O sexo... bem... esse é mais "polêmico" que a paixão exatamente por ser (acredito e classifico assim) um sentimento visceral, uma necessidade fisiológica do ser (animal) humano. Então, pensando dessa forma, dispensa maiores comentários sobre o sexo manter, sustentar uma relação. É claro, não posso deixar de registrar, que tem muitas relações que se baseiam nisso. Em que o sexo é maravilhoso, estupendo, sem igual, inenarrável. Sim! Existe! Claro! Acredito que para pessoas que são altamente sexuais (mais animais que seres sociais), sim, sustenta (por um bom tempo) a relação. Mas ainda assim, acredito que é, de certa forma, efêmero, similarmente à paixão. Ainda mais na sociedade em que vivemos que cultua relações monogâmicas (farei outra postagem sobre relações monogâmicas, poligâmicas, etc... por enquanto deixo a seguinte frase: "a traição é a não monogamia numa relação monogâmica" - veja aqui).

Vamos ao amor. Ah! O Amor! Muitos acreditam que o amor é supremo, é superior a tudo, transcende, ultrapassa toda a nossa racionalidade. É assim por um simples motivo: foi construído nas nossas mentes dessa forma! O "amor", assim como vários outros princípios e valores, é construído, é uma convenção social em que nós somos condicionados, educados, até adestrados, a enaltecer, como a mais pura verdade, como uma coisa "impossível" de se alcançar, como o mais puro dos sentimentos. Que seja! Não quero aqui, agora, debater ou discutir sobre o amor (além de outras postagens, tenho uma visão mais política/social sobre o amor); O fato, que estou considerando nesta postagem, é o "amor" comum, "amor sexual" (só para deixar claro, não é o amor maternal/paternal, fraternal, de amizade, ou outro qualquer). Estou falando de amor entre pessoas (sem o vínculo parental - ou até que exista, já que foi criada a palavra "incesto" para isso; enfim, não é o foco desta postagem). Esse amor ao qual estou me referindo, como postado anteriormente aqui, é o amor construído, aos poucos, lentamente, "tijolo por tijolo". 

Sobre esse amor construído, edificado, podemos ver diversos exemplos dessas construções. Verdadeiros "castelos", construídos "tijolo por tijolo", durante anos, de forma perfeita! Mas, vazios. Grandes construções, mas ocos, sem móveis, sem conteúdo. Os construtores se orgulham em expor seu feito para a sociedade: olhem que construção linda, sólida, inabalável... foram 50 anos de dedicação, esforço, luta, blá blá blá... mas, ainda assim vazio, sem conteúdo, sem essência. De que adianta viver de aparências, de estética, de "modelos"? Desfaço, derrubo, desconstruo esse tipo de amor falso, "fake". Mas, infelizmente, as pessoas que fazem essa grande edificação, olham para trás e não têm coragem de largar, abrir mão, derrubar, demolir o que foi construído, pois gastaram tempo, força, esforço, sentimentos, dedicação e vários outros sentimentos. Por isso sustentam, mantêm, todo o castelo. Não é fácil. Não estou dizendo que é fácil. Mas se quisermos ser verdadeiros conosco e com o outro, podemos, devemos, derrubar essa construção e nos darmos a chance de construirmos outro prédio, casa, casebre que seja, mas de forma consistente e preenchê-lo com sentimentos, vivências, com vida. Mas ainda assim, não é o foco da postagem. Quero falar sobre, então, o que sustenta, verdadeiramente, uma relação?

É simples. Existem outros sentimentos que, acredito, sejam mais significativos para uma relação. Amizade, afinidade, admiração pelo outro, companheirismo, lealdade, cumplicidade, compreensão, paciência, congruência na forma de viver, nos princípios e valores; nos quereres; na forma de encarar as dificuldades; o saber ceder, abrir mão de coisas, de momentos, tudo isso compõe a "fórmula" da sustentação de um relacionamento (apesar d'eu ser bem egoísta quanto a isso - cabe outra postagem a respeito). Ou seja, acredito que pode existir relação sem paixão, sem amor e sem sexo. Pode-se sim estabelecer relação sem esses itens. Acredito! Podemos, sim, ver felicidade entre as pessoas que se relacionam assim, sem esses sentimentos - até dizem que é amor. Sim. Mas não o amor carnal, visceral. É um outro tipo de amor - que seja! Contanto que um não seja o "objetivo" do outro, como um objeto de conquista; porquê de assim for, uma vez conquistado perde-se o sentido da busca. 

O que acredito sobre o que é amor (da forma que penso) é tudo isso que falei. Pode conter todos esses sentimento citados acima. Mas não é só isso. É transcendente. "Sobrenatural". Não se explica. Existe e pronto. E para polemizar, não perdendo meu jeito de ser, eu dou o nome que eu quiser ao o que eu sinto. É meu sentimento e pronto. E isso basta para mim (demonstrando meu egoísmo). 

Enfim, resumindo, sexo, amor e paixão não sustentam relacionamento. Relacionamento se sustenta por  afinidade, por uma empatia forte, por uma sintonia de quereres e interesses.

"Uma relação nem sempre termina pq não é feliz. Às vezes termina para preservar a felicidade da memória." (Fabrício Carpinejar)

"As pessoas são responsáveis e inocentes em relação ao que acontece com elas, sendo autoras de boa parte de suas escolhas e omissões." (Lya Luft)

"Seja qual for o relacionamento que você atraiu para dentro de sua vida, numa determinada época, ele foi aquilo de que você precisava naquele momento" (Deepak Chopra)

"... o único encanto do casamento está na vida de decepção indispensável a ambas as partes." (Oscar Wilde em "O Retrado de Dorian Gray")

"A vida conjugal é simplesmente um hábito, um mau hábito. Mas lastima-se até a perda dos maus hábitos; talvez seja mesmo o que mais se lastime; os hábitos são uma parte essencial da personalidade." (Oscar Wilde em "O Retrado de Dorian Gray")

"Um homem pode ser feliz com qualquer mulher durante o tempo que não a ama..." (Oscar Wilde em "O Retrado de Dorian Gray")

"Quando uma mulher torna a casar-se, é porque detestava o primeiro esposo. Quando o mesmo se dá com o homem, é que ele adorava a primeira mulher. Estas procuram a felicidade, os homens arriscam a sua." (Oscar Wilde em "O Retrado de Dorian Gray")


terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Relacionamento Perfeito

Quem nunca esperou o "príncipe encantado"?


Acredito que a busca por "casamentos" sempre foi um objetivo de todos desde que a sociedade começou a se organizar. Até onde tenho conhecimento, era mais cobiçado pelas mulheres e nem tanto pelos homens. Mas o foco da postagem não é fazer uma retrospectiva sobre o "casamento", mas registrar fatos que tenho observado na atualidade, no comportamento e visão das pessoas com relação ao tema.

Tenho percebido um "desespero" exacerbado de muito em busca de um relacionamento estável e duradouro. Todos querem cumprir o "script" de "casar", ter filhos e ser feliz para todo o sempre ("amém").

Então, saem em busca de possíveis namoradas(os) em todos os meios. Seja na balada, na fila do cinema, do banco, do mercado, da farmácia, da loteria e nos diversos aplicativos de "encontros". Todo o papo se desenrola com um único objetivo: encontrar "o par perfeito" - a sua "cara metade", a "outra banda da laranja"... QUE MALUQUICE!

Em alguma outra postagem já registrei que não existe "cara metade", "complemento". Já somos completos por nós mesmos. Besta (para no dizer adjetivo pior) é aquela(e) que não se acha completa(o) ou que espera que outra pessoa venha te "completar". Como não somos perfeitos, consideremos que, de fato, não sejamos completos. Lanço logo uma questão: partindo dessa premissa (da não completude) você acredita que uma outra pessoa (que também não é perfeita/completa) irá te completar perfeitamente? Essa suposta pessoa suprirá todos os seus defeitos? Os seus defeitos serão todos "preenchidos" pelas qualidades dessa pessoa e vice-versa? Que ilusão!!! CLARO QUE NÃO! É mais fácil acertar na loteria do que existir uma pessoa assim e que você a conheça nesta vida.

Neste ponto chegamos aonde eu queria realmente chegar: por um raciocínio lógico podemos concluir que essa pessoa não existe - e se existe (seu complemento perfeito) a probabilidade de você encontrá-la é quase ZERO. E tudo isso leva a um sentimento "ruim": a frustração (tema já postado aqui no blog).

É loucura pensar que existe tal pessoa ("perfeita"). É por isso que os relacionamentos atuais não duram tanto tempo pois já começam assim: "oi, tudo bem? Vamos nos casar?". Tem quem procure relacionamento em baladas. Conhecem, batem meia hora de papo (sob efeito do álcool, provavelmente) e acham que estão de frente do seu "príncipe encantado", que no outro dia acordará e será resgatado(a) da prisão na torre. Bah! Repito: IDIOTA. Outros(as) procuram relacionamento em aplicativos que mostram fotos e perfis "fakes". Se encontram e percebem (quando acontece) que não era realmente quem achavam e que não serve para ser o seu "príncipe encantado" - pois já vão com essa expectativa. Por fim tem aqueles que caem no conto da(o) amiga(o) que tem um(a) amigo(a) "perfeito" para você. E acha que serão felizes para todo o sempre. Gente!!! Relacionamento, repito, não é fim de caminho, não pode ser encarado como objetivo de vida! Relacionamento é conseqüência!

De fato com o advento da tecnologia, da internet, tudo se torna mais fácil e rápido - assim como mais efêmero. Baumann já escreveu sobre modernidade, amor, vida, tudo líquido fazendo referência à sua fluidez e à sua efemeridade.

Bom, não me prolongando muito, serei bem objetivo:

  1. Já somos completos por nós mesmos, ou seja, ninguém completa ninguém. Não existe metade da laranja; cara-metade; alma gêmea, nada disso;
  2. Relacionamento não deve ser encarado como "objetivo de vida" e sim meio de caminho. Relacionamento é consequência e não fim;
  3. Objetivos de vida, acredito, devam ser coisas que só dependem de você. É fazer uma viagem; Concluir um curso; Comprar alguma coisa (apesar d'eu ser contra esse tipo de objetivo - consumir/comprar); Bater uma meta; Se superar em algo; 
  4. Não podemos depositar no outro a responsabilidade de nos fazer feliz;
  5. Não encare a felicidade como uma coisa fixa e duradoura - "para sempre" - NADA é para sempre. Nem a nossa vida!!! (sobre felicidade já escrevi aqui)
  6. Sim! Acredito na possibilidade de relacionamentos poliamorosos (isso é tema para outra postagem) - por enquanto fiquem com esses links: poliamor1 - poliamor2 

A frases dessa postagem não têm exatamente a ver com amor, poliamor ou relacionamentos, mas tem a ver com LIBERDADE (ou algo contrário a ela) pois acredito que no final só quem é livre é que pode amar livremente.

"A traição é a não monogamia numa relação monogâmica" (site: http://tab.uol.com.br/poliamor/)

"A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo." (Fernando Pessoa)

"Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência." (Leon Tolstoi)

"A liberdade e o amor são incompatíveis. Quem ama é sempre escravo." (Madame de Staël)

"Nunca estamos tão mal protegidos contra o sofrimento como quando amamos; nunca estamos tão irremediavelmente infelizes como quando perdemos a pessoa amada ou o seu amor". (Freud)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Voltando aos poucos...

O que mudou?

Depois de um bom tempo sem postar, me deu uma vontade um tanto quanto estranha de fazer uma.

O principal motivo que me levou a fazer essa postagem foi uma espécie de "provocação" que me fizeram me perguntando sobre alguns "conceitos" sobre amor, paixão, relacionamento, casamento, etc.

Como eu sabia que já havia postado sobre esses temas, voltei ao blog e li alguns textos que produzi no passado. Tem textos de mais de quatro anos. O mais interessante é que para mim continuam atual, ou seja, continuo pensando da mesma forma! Pelo menos os conceitos, os pricípios são os mesmos.

O que percebo que mudou - para melhor, ao meu ver - foi a "ampliação" destes conceitos. Percebo que penso diferente, partindo-se dos mesmos conceitos escritos no passado.

Confesso que o processo de mudança - repito: não das ideias, mas da prática - não foi tão rápido assim. Hoje percebo que foi um processo lento e de certa forma "doloroso" (sentimentalmente falando). Principalmente com referente aos relacionamentos "amorosos". Percebi que cheguei a um ponto mais próximo das "teorias" que publiquei no passado, ou seja, a prática está se aproximando da teoria!

Claro que nesses últimos quatro anos muita coisa aconteceu, muita coisa mudou. Não só fisicamente mas psicologicamente. Alguns fatos (quem sabe um dia eu poste sobre isso aqui?) me levaram a um amadurecimento meio que abrupto. Me levou a pensar, repensar a vida de forma extraordinária. Me fez ver o quanto a vida é uma coisa simples e que nós - seres sociais - que complicamos cada vez mais ela.

Bom, por enquanto é isso.

Tentarei voltar a postar mais frequentemente.

Os temas e o formato devem mudar um pouco.

Trarei questões mais amplas e reflexões que tem me acontecido com mais frequência - sobre vida, sociedade, estado, política, poderes, etc - algo mais "acadêmico" (em outra postagem explicarei o motivo disso)


"A mudança é a lei da vida. Aqueles que olham apenas para o passado ou para o presente serão esquecidos no futuro."(John F. Kennedy)

"Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço."(Immanuel Kant)

"O progresso é impossível sem mudança; e aqueles que não conseguem mudar as suas mentes não conseguem mudar nada."(George Bernard Shaw)

"Somente os extremamente sábios e os extremamente estúpidos é que não mudam."(Confúcio)

"Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre. Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa, constantemente se nega, se furta à vida."(Fernando Pessoa)

quinta-feira, 1 de março de 2012

Expectativa

Quem nunca teve uma expectativa frustrada?

Pois bem, depois de mais um ano de "reclusão", volto ao blog. Dessa vez é para falar sobre expectativas.

É importante registrar o que me levou a falar sobre esse tema. Tudo começou com um "momento racional" onde me senti "cobrado" pela pessoa com a qual me relaciono e não via motivo d'eu "ter que" (odeio esse termo) atender ou corresponder a expectativa de outra pessoa.

Calma! Não é bem assim. É claro que no dia-a-dia atendemos expectativas dos outros. Óbvio! Seja como filho, quando você atende um chamado do seu pai; como aluno quando você vai à aula, se senta, anota e se comporta como um aluno; como empregado que realiza com responsabilidade as atividades às quais você foi designado; enfim, só por ser uma pessoa que vive em sociedade, você "tem que" seguir algumas regras e por consequência atender algumas expectativas da sociedade.

Mas não é dessa expectativa que estou falando. 
Estou falando em expectativa em relacionamentos afetivos. Seja pai-filho, amizade, namoro, casamento, etc.

Para mim, o problema não está em atender as expectativas - que é o que acontece normalmente - mas em não atender essas expectativas!

Todos nós criamos, minimamente, expectativa com relação ao outro. Sim. Esperamos uma ligação no final do dia, um parabéns no dia do aniversário, um aperto de mão, abraço ou beijo quando nos encontramos, uma lembrança (seja ela qual for) no dia dos namorados, dia dos pais, avô/avó, etc;

O problema está exatamente nas expectativas frustradas!

Será que estamos preparados para uma decepção/frustração?

Então me pergunto: até que ponto devemos realmente sofrer com isso?
Não estou dizendo que não devemos criar expectativas (isso é quase que impossível, pois se assim acontecer, é porque o relacionamento já não faz mais sentido, concorda?). Mas sim em administrar o sofrimento da expectativa não correspondida.

Essa é a parte difícil. Quando me dei conta do que estava sendo cobrado, fiquei me perguntando: deveria mesmo "ter que" ter feito daquela forma? Mesmo que fosse "fake"? Faz sentido isso? Fazer uma coisa só para agradar a outra pessoa? Até que ponto?

Então, fazendo o exercício do contrário, me perguntei: eu ficaria zangado se a pessoa não fizesse exatamente o que eu esperava? Ou que ela pensasse exatamente como eu pensei? 

Não!!

Eu não posso esperar tanto assim, ou melhor, para ser coerente, não posso sofrer tanto assim se a minha expectativa for frustrada.

Mas, me pergunto novamente: como não sofrer?

No momento que entendo que as pessoas são diferentes, que tem suas "verdades", seu ponto de vista, sua individualidade, interpretação de mundo, não posso exigir que pensem iguais a mim, que vejam o mundo como eu vejo.

Isso certamente ameniza a dor de uma expectativa frustrada. Observem que não deixarei de criar expectativas, mas de não esperar tanto ou de sofrer tanto, caso ela não seja atendida.

Outra coisa que podemos fazer para não sofrer tanto com a expectativa frustrada é criarmos planos "B", "C", etc. Caso o que você espera não aconteça você se resolve com o plano "B" e não sofre tanto assim.

 
"Devemos prometer somente o que podemos entregar e entregar mais do que prometemos."
(Jean Rozwadowski)

"Excesso de expectativa é o caminho mais curto para a frustração."
(Martha Medeiros)

"Um conselho? Abandone a expectativa e convide o inesperado."
(Bruno Guilherme Fonseca)

"A decepção é filha da expectativa."
(Dioclecio)