terça-feira, 21 de agosto de 2007

Felicidade...

Você é feliz?

Desde adolescente que venho pensando sobre a felicidade. O que é felicidade? O que é ser feliz? Se te perguntarem: vc é feliz? Qual será sua resposta? Talvez a maioria das pessoas digam que são. Eu diria que não. Eu não sou feliz. Eu estou feliz.

Felicidade não é um sentimento contínuo.
É discreto. É pontual.
Você é feliz o dia inteiro todos os dias?
Felicidade são momentos de prazer, de relaxamento, de desprendimento, de curtição, de paz, de tranqüilidade.
"Feliz" é aquele que está feliz o tempo todo, todo o tempo.

Você está?

Continuando a minha análise, venho observando com o tempo, com a maturidade, com a experiência, que os momentos de felicidade vão diminuindo com o tempo.

Não?

Vejam bem, pensem comigo: quem passa a maior parte do tempo feliz: uma criança ou um adulto?
É isso... comigo é assim... o tempo vai passando e lembrando do passado penso: ontem eu era mais feliz que hoje, ou melhor, ontem eu tive mais momentos felizes do que hoje.
Lembro da minha adolescência quando somente estudava e pensava - naquela época: não vejo a hora de entrar na faculdade e só estudar o que eu gosto; E pensava também: bom era quando eu estava no jardim de infância... só ficava desenhando, pintando e brincando;
Depois quando entrei na faculdade vi que as coisas não eram tão melhores assim...
Não via a hora de me formar e começar a trabalhar. Ganhar independência. Ganhar minha "liberdade". E pensava também: bom era quando eu estava na escola. Só fazia estudar e me divertir; Depois da formatura vem o trabalho. Maior carga horária, maior a "receita", porém maior a despesa. Parcela do carro, seguro, aluguel, condomínio, luz, telefone, etc. Paro e fico lembrando da época da faculdade: época boa foi aquela! Estudava, tinha férias duas vezes ao ano, a grana que rendia no estágio não era muita mas dava para me divertir.
Depois disso vem família, prestação da casa própria, escola dos filhos, contas, etc....
E assim por diante.
Hoje penso (planejo) na minha aposentadoria. Será que quando eu estver aposentado não irei pensar da mesma forma? "Ah... época boa era aquela em que eu trabalhava, me sentia útil, produtivo, e ainda tinha pique para brincar com os meu filhos..."

Resumindo: o que percebo é que a cada dia que passa os momentos de felicidade vão "rareando" ou são menos significativos ao pondo d'eu nem notá-los.
Não quero dizer que sou infeliz, ou melhor, não estou infeliz a maior parte do tempo. Mas sempre acho que "ontem" eu tive mais momentos felizes que hoje.
E amanhã?
Será que esses momentos serão mais raros ainda?
É bom reforçar a idéia de que pelo fato d'eu não estar feliz em um determinado momento não quer dizer que estou infeliz. Certo?

Li um texto de Charle Chaplin que casa certinho com o que escrevi:

"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina.
Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente.
Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo.
Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar.
Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria.
Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando.
E termina tudo com um ótimo orgasmo!
Não seria perfeito?"

Não é interessante? Ou será que estou sendo pessimista?

"As crianças são quase sempre felizes, porque não pensam na felicidade. Os velhos são muitas vezes infelizes, porque pensam demasiadamente nela."
Paolo Mantegazza

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Solidão...

O que vem a ser essa senhora?

Ontem, por um momento, passei um "sufoco". Fui para faculdade mas as aulas estão suspensas por causa da greve dos servidores. Era final de tarde, ou como outros preferem, inclusive eu, era início da noite (gosto mais da noite do que do dia). De imediato fiquei com aquela sensação boa de liberdade pois não teria aula e nem voltaria para o trabalho. Mas, logo em seguida, pensei: e agora o que vou fazer neste tempo livre (em torno de 2h até o próximo compromisso)?
São tantas coisas que fico planejando para o dia em que tiver uma folga, para o dia em que eu tiver um tempo meu, só meu, inteirinho meu, que fiquei perdido.
Não soube o que fazer!
Fiquei atordoado com a tão cobiçada "liberdade" que logo veio essa senhora: a solidão.
Tum!
Bateu pesada dentro de mim e foi subindo, me consumindo.
Veio a fraqueza e o desânimo se espalhando por todo meu corpo até atingir minha mente.
De imediato me perguntei: porque fiquei assim, se isso era tudo o que eu precisava? Era tudo o que eu queria?
O que está acontecendo???
- Ânimo rapaz!
Falei para mim mesmo, mas sem efeito.
Voltei para o carro e fiquei sentado, estatelado, olhando para o nada, duro, sem piscar, atônito, sem conseguir mexer um músculo, como se estivesse vendo a coisa mais espantosa que alguém poderia ver.
De repente veio a falta de ar; enchi o pulmão como se estivesse acordando de um desmaio ou como se estivesse saindo do fundo do mar.
Acordei.
Saí do transe.
E tomei consciência da solidão.
De imediato mandei mensagens para meia dúzia de pessoas, para ser mais exato para um quarto de dúzia de pessoas (rsrsrsrs) , na esperança de retornarem e, mesmo sem saber, me confortassem ao me fazerem perceber que não estava só.
Não deu certo. Não obtive retorno.
Paciência.
A vida é assim.
Não devemos criar tantas expectativas com as coisas principalmente com as pessoas.
Foi nesse momento que senti o peso dela aumentando dentro de mim.
E veio uma onda de infelicidade... (mas esse é um tema para outra postagem ;)

Lembrei de um texto que li sobre a solidão:
.
Solidão
(Fátima Irene Pinto)

Solidão não é a falta de gente para conversar,
namorar, passear ou fazer sexo.
Isso é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos
pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar.
Isso é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente
se impõe às vezes para realinhar os pensamentos.
Isso é equilíbrio.

Tampouco é o claustro involuntário que o destino nos
impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida.
Isso é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado.
Isso é circunstância.

Solidão é muito mais que tudo isso.

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos
e procuramos em vão pela nossa Alma!
.

Bom, carência, saudade, equilíbrio, seja lá o que for, a solidão, no sentido amplo da palavra, dói, marca, nos corrói - apesar de também nos construir e nos refinar.

Apesar de tudo, acredito que a solidão não só é boa de vez em quando, mas é necessária. É o momento em que podemos refletir sobre as "coisas da vida" e tentar entender o mundo que está à nossa volta, a dinâmica da sociedade e o seu papel (o do pensador) dentro dela.

"As pessoas fogem da solidão quando têm medo dos próprios pensamentos".
(Érico Veríssimo)

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Egoísmo...

Porque somos egoístas?

Egoísmo: "amor próprio excessivo, que leva o indivíduo a olhar unicamente para os seus interesses em detrimento dos alheios;"
(http://www.priberam.pt/dlpo)


O egoísmo é o mal da humanidade. Ou melhor, um dos males da humanidade. Fico me perguntando se o egoísmo é fruto do capitalismo ou o capitalismo é alimentado por ele? Acho que as duas coisas. Um alimenta o outro. A 'sede' de acumular bens, de sempre querer mais - não importando os meios, de ter, de possuir é uma característica do capitalismo. E o que é o sentimento de posse senão egoísmo? Será que "o homem é realmente bom e a sociedade que o perverte"? Ou já está no 'instinto' o egoísmo humano? Já foi observado algum ser no mundo animal demonstrar esse sentimento a não ser o homem? Não sou nenhum pesquisador do egoísmo dos animais, mas acredito que não: o egoísmo é um sentimento exclusivamente humano. Pensando bem, não. Vemos esse sentimento nos animais quando brigam por comida. É isso. Em algumas espécies não há a divisão dos alimentos. Eles caçam para si ou no máximo para a (sua) família. Então chego a conclusão que o sentimento de egoísmo deve estar no instinto humano e é alimentado, regado pelo capitalismo. E o que é o capitalismo senão a detenção de poder? Para que acumular bens, fortunas, muito além do que se pode gastar a não ser para mostrar, exibir e usar o 'poder' que essas coisas dão ao seu possuidor?

Bom, da mesma forma que o homem quer ter as coisas ele quer ter as pessoas. Ele quer que as pessoas sejam "dele" e só dele.
Sim, falo de relacionamento mesmo.
Essa sensação de posse que temos com as pessoas com as quais nos relacionamos, essa idéia de "fidelidade eterna", "relacionamento eterno", como se fôssemos o centro do universo e tudo e todos existem por e para nós - tudo isso se baseia na relação entre possuído e possuidor, ou seja, se existe o possuidor é porque tem quem se "entregue" e seja possuído.
"Pera lá"! Não estou fazendo apologia à traição. Isso é outra coisa.

O que é o ciúme senão a sensação de "perda" do que teoricamente vc "possui"?
Eu sei que a dor que sentimos qdo perdemos ou somos ameaçados de "perder uma pessoa" é real. Doi. Doi mesmo. Nos aperta por dentro como se estivéssemos implodindo.
E tudo perde o sentido, não queremos mais comer, olhar, sentir, ouvir, tocar, provar, respirar, não queremos mais estudar, trabalhar, não queremos falar com ninguém, não queremos "querer" e não queremos "não querer".
Tudo isso porque somos possessivos e isso revela nosso egoísmo.

Que relação podemos fazer entre egoísmo e paixão?
A paixão, louca, desvairada, impetuosa, impulsiva, faminta e sedenta; A nossa razão se subjuga a emoção quando esta está sob as rédeas da paixão.
Queremos ter, possuir o "objeto" da nossa paixão e não queremos partilhá-lo com ninguém.
Isso não seria também egoísmo?
Não quero dizer que não devemos nos apaixonar. Pelo contrário, acredito que a paixão move as pessoas, move o mundo. Só temos que ter cuidado com ela...

"O ciúme tem as suas raízes, mais no egoísmo do que no amor."
(Henry Longfellow)

Que relação podemos fazer entre egoísmo e ciúme?
Não seria o ciúme uma espécie de egoísmo? Não seria o egoísmo uma conseqüência do ciúme?
Sim. Acredito nas duas coisas. Uma alimenta outra.

"O ciúme é aquela dor que dá quando percebemos que a pessoa amada pode ser feliz sem a gente."
(Rubens Alves)

"O ciúme é muitas vezes uma inquieta necessidade de tirania aplicada às coisas do amor."
(Marcel Proust)

Bom, todos esses questionamentos foram feitos na tentativa de entender esses sentimentos (egoísmo, paixão, ciúme) e como eles se relacionam entre si.
E essas foram as conclusões às quais cheguei.
Mas sempre que penso sobre esses sentimentos descubro algo novo, que muda, dá outro rumo às conclusões ou até mesmo me faz regredir e cria mais dúvidas. Mas isso faz parte do ato de "pensar" e isso eu não consigo "desligar". ;D