sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Solidão...

O que vem a ser essa senhora?

Ontem, por um momento, passei um "sufoco". Fui para faculdade mas as aulas estão suspensas por causa da greve dos servidores. Era final de tarde, ou como outros preferem, inclusive eu, era início da noite (gosto mais da noite do que do dia). De imediato fiquei com aquela sensação boa de liberdade pois não teria aula e nem voltaria para o trabalho. Mas, logo em seguida, pensei: e agora o que vou fazer neste tempo livre (em torno de 2h até o próximo compromisso)?
São tantas coisas que fico planejando para o dia em que tiver uma folga, para o dia em que eu tiver um tempo meu, só meu, inteirinho meu, que fiquei perdido.
Não soube o que fazer!
Fiquei atordoado com a tão cobiçada "liberdade" que logo veio essa senhora: a solidão.
Tum!
Bateu pesada dentro de mim e foi subindo, me consumindo.
Veio a fraqueza e o desânimo se espalhando por todo meu corpo até atingir minha mente.
De imediato me perguntei: porque fiquei assim, se isso era tudo o que eu precisava? Era tudo o que eu queria?
O que está acontecendo???
- Ânimo rapaz!
Falei para mim mesmo, mas sem efeito.
Voltei para o carro e fiquei sentado, estatelado, olhando para o nada, duro, sem piscar, atônito, sem conseguir mexer um músculo, como se estivesse vendo a coisa mais espantosa que alguém poderia ver.
De repente veio a falta de ar; enchi o pulmão como se estivesse acordando de um desmaio ou como se estivesse saindo do fundo do mar.
Acordei.
Saí do transe.
E tomei consciência da solidão.
De imediato mandei mensagens para meia dúzia de pessoas, para ser mais exato para um quarto de dúzia de pessoas (rsrsrsrs) , na esperança de retornarem e, mesmo sem saber, me confortassem ao me fazerem perceber que não estava só.
Não deu certo. Não obtive retorno.
Paciência.
A vida é assim.
Não devemos criar tantas expectativas com as coisas principalmente com as pessoas.
Foi nesse momento que senti o peso dela aumentando dentro de mim.
E veio uma onda de infelicidade... (mas esse é um tema para outra postagem ;)

Lembrei de um texto que li sobre a solidão:
.
Solidão
(Fátima Irene Pinto)

Solidão não é a falta de gente para conversar,
namorar, passear ou fazer sexo.
Isso é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos
pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar.
Isso é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente
se impõe às vezes para realinhar os pensamentos.
Isso é equilíbrio.

Tampouco é o claustro involuntário que o destino nos
impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida.
Isso é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado.
Isso é circunstância.

Solidão é muito mais que tudo isso.

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos
e procuramos em vão pela nossa Alma!
.

Bom, carência, saudade, equilíbrio, seja lá o que for, a solidão, no sentido amplo da palavra, dói, marca, nos corrói - apesar de também nos construir e nos refinar.

Apesar de tudo, acredito que a solidão não só é boa de vez em quando, mas é necessária. É o momento em que podemos refletir sobre as "coisas da vida" e tentar entender o mundo que está à nossa volta, a dinâmica da sociedade e o seu papel (o do pensador) dentro dela.

"As pessoas fogem da solidão quando têm medo dos próprios pensamentos".
(Érico Veríssimo)

8 comentários:

Cesar Franco disse...

Olá, como vai?

Pois é, a solidão é algo complexo e profundo, e marca mesmo.
Diferente do que esta escrito no poema da Fátima, pra mim saudade e solidão tem o mesmo significado.
Comigo, ela sempre aparece depois de um belo encontro com os amigos, e dura semanas e semanas, algo complicado de se conviver, mas com isso ficamos mais ajustados, como você disse.
E quanto ao meu site, eu tive que tirar ele do ar por alguns motivos do servidor, enfim, quando chegar a hora de relançar ele eu te aviso.
Abraços.

Cesar Franco disse...

E ah... antes que eu me esqueça:
Esse clip mostra exatamente o que estamos falando... http://www.youtube.com/watch?v=9AhzX0pou-U

Fabrício disse...

Olá!

Solidão. Já me peguei muito com ela. Confesso que por vezes tive medo. Mas garanto que se aprende a 'dominá-la'.

Na vida há coisas insubstituíveis. Mas há também as necessárias.

Obrigado pela visita ao meu barraco. Volte sempre, pra tomar um café e bater um papo (e espantar a solidão, quando preciso for!).

Abçs

inutilia sapiens disse...

érico é fantástico!
parabéns pelo espaço, agradeço a vosita...
muitas coisas em comum por aqui!
abraço.
blog novo sim, já deletei vários!!!
heheh

SAM disse...

Agradeço a sua visita no meu cantinho e a oportunidade de conhecer seu espaço tão sensível. Gostei muito.

Também me sinto assim várias vezes e acho que é um sentimento comum a todos essa sensação de vazio , por isso concordo com o texto de Fatima Irene Pinto. Eu gosto da solidão porque ela é minha conselheira e ponto de quilibrio. O que não gosto é desse desânimo, esse estado de inércia desconfortável , enfim tudo isso que voce sentiu...


Um enorme abraço ( daqueles que passam uma energia tão gostosa, que nos faz sentir felizes por tudo e por nada).

SAM disse...

Concordo com você amigo, mas a complexidade deste tema, a subjetividade ..implica em tantas formas! Veja, você citou uma das...mas suponha agora que duas pessoas se amem, mas de uma forma tão violenta, doente e agressiva que maltrata tanto, tanto e que uma das pessoas tenha que ter a lucidez de dar um fim, até mesmo por sobrevivência. E outra, acho que hoje em dia não são poucas as pessoas que começam um “ relacionamento” já sabendo de um adeus. Acho também que o amor pode nascer e acabar de forma unilateral, nem sempre nasce de comum acordo e acaba de forma unilateral. E há os privilegiados, que nascem e acabam de comum acordo. Eterno enquanto durem para os que amam com uma intensidade muito forte ou o oposto. Eterno dura para os que conseguem viver o amor em um sentido mais amplo, tais como, companheirismo, amizade, respeito e uma série de sentimentos maiores até que o amor relação homem- mulher. Amor que sobrepõe a sentimentos mesquinhos , pequenos e de interesses e objetivos transitórios.

Vá entender...amores nascem, abortam, adoecem, morrem, e uns sobrevivem milagrosamente a tudo....eternizam-se sempre, pois o amor é eterno.


Beijo terno

Vagando no Espaço disse...

SAM, realmente eu estava sendo muito simplista e restrito nas questões do amor.
Não falei dos amores platônicos e dos amores "secretos" unilaterais...
Mas tudo bem.
Muito pertinente a sua colocação.
Obrigado pelos ricos comentários.
Abraços.

inutilia sapiens disse...

valeu novamente pelas visitas!
muito bons sets textos!
abraço.